- Rafa Almeida
1 Disco por Dia | Legião Urbana - Que País é Este (1978/1987)

Dia 57: Legião Urbana - Que País é Este (1978/1987) (1987)
A noite do dia 18 de junho de 1988, certamente, é uma das mais emblemáticas na história da Legião Urbana. A data marcava o reencontro da banda com o público de Brasília, sua cidade natal.
Após se transformarem na maior banda de Rock do país, Renato Russo, Dado Villa-Lobos, Renato Rocha e Marcelo Bonfá retornavam pra casa pra tocar para um público de cinquenta mil pessoas! Na bagagem dos legionários, o álbum de hoje de nosso 1 Disco por Dia...
O espaço de nove anos que é indicado no título do terceiro trabalho da Legião Urbana (1978/1987) compreende o período no qual as composições que aparecem no disco foram concebidas. Isso abrange não só os tempos de Legião Urbana, mas a fase em que Renato Russo se apresentou como Trovador Solitário, no formato voz e violão, e os tempos de Aborto Elétrico, importante banda de Brasília que daria dois frutos ao BRock 80: Legião Urbana e Capital Inicial.
Canções que originalmente entrariam em Dois - se este tivesse sido lançado como álbum duplo, como era o desejo da banda - se encontram com músicas de outras fases da carreira de Renato e, mesmo se tratando de um tipo de coletânea (ou antologia), Que País é Este tem unidade, tem uma cara. E, seja por mera coincidência ou não, traduz o Brasil de meados dos anos oitenta.
Sarney, crise, Plano Cruzado... Tá tudo ali. "Que País é Este" (o próprio Renato confirmou o lance com "I Don't Care", dos Ramones..rs), "Conexão Amazônica", "Tédio" e "Mais do Mesmo" falam do Brasil. "Angra dos Reis" também! E quem poderia imaginar que uma canção de nove minutos, sem refrão, chegaria ao primeiro lugar das paradas de sucesso? "Faroeste Caboclo" foi a responsável pelo absurdo (no melhor dos sentidos, claro)!
A energia Punk do repertório do Aborto Elétrico, sendo despejada em um país mergulhado no caos, com toda certeza, faz de Que País é Este um disco em sintonia com seu tempo. Mais uma vez, a Legião Urbana traduzia sua geração e seu país em música... E essa tradução ficaria mais clara e explícita na fatídica noite de 18/06/1987 no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, no que acabou sendo o último show de divulgação de Que País é Este.
À essa altura do campeonato, Renato Russo e Legião Urbana já haviam sido transformados em ídolos. E ídolos causam todo tipo de reação em seus fãs. O clima em Brasília, horas antes da apresentação, já não era dos melhores. O país, a economia em frangalhos e um disco que esfregava na cara de cada uma daquelas cinquenta mil pessoas reunidas no Mané Garrincha que país, afinal, é este.
Objetos atirados no palco. A banda não volta pro bis. E mesmo que os quatro em cima daquele palco já tivessem tocado por cerca de uma hora, o público brasiliense queria mais dos ilustres filhos daquela terra.
Tumulto, quebra quebra, pânico, corre corre, ônibus apedrejados do lado de fora e, de alguma forma, o Brasil do governo Sarney, o Brasil do Plano Cruzado, o Brasil cantado na faixa-título e ao longo do terceiro álbum da Legião Urbana estava descrito, desenhado pelas ruas de sua capital naquela noite.
O episódio foi extremamente marcante para os integrantes da Legião Urbana. E acabaria resultando em mudanças para o próximo disco. Outro estrondoso sucesso, do qual falaremos amanhã, aqui no 1 Disco por Dia.
Relembre o clipe de "Que País é Este":
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Mais sobre o show da Legião Urbana no Estádio Mané Garrincha no Correio Brasiliense.
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